A BOA SAMARITANA SABIA AMAR, JESUS CRISTO PENSOU.
Pôs a mão na água do poço e olhou nos olhos da samaritana, ela parou e teve que olhar para ele, pensou se tiraria a água do poço mesmo após o homem que ela não conhecia ter acabado de colocar a sua mão na água dentro do poço. Ele lava o rosto e repara na mulher que havia acabado de chegar. Ela tinha mais de 50 anos, ainda estava bonita e forte, carregava um jarro nas mãos.
Jesus olha para baixo para a água tremulante do poço e após tê-la cumprimentado, desata o aperto que a samaritana tem no coração dizendo para ela: 'E agora retornaste sozinha para o poço'
Solitária mais uma vez; sempre que se aproximava daquele poço, sentia-se estranha. Toda vez quando acabava de encher o seu jarro, sentia-se recriminada, culpada, como se quisesse água fresca só para si.
Jesus Cristo pergunta se ela poderia lhe servir, se a boa samaritana o servisse já era um começo de alívio para o seu carma de querer a água só para si. Poderia dividir um pouco com Jesus Cristo.
Mas ela sentia uma grande necessidade de limpar-se.
'Não é assim. Nem o tempo, nem a água estão aqui para limpar você de suas relações conjugadas.'
Ela se assusta, 'Quem ele pensa que é para falar o que ela vai fazer com a água?'
Jesus Cristo tocara no ponto fraco da boa samaritana sem nem precisar tocar um dedo nela. Aquele jarro que ela enchia sempre lá, sem conseguir deixar de sentir que furtava algo muito precioso, que nem forma tinha, que escorregava pelas mãos de todos, mas ela podia guardar no jarro até ficar bem fresca e saborosa. Ela sentia-se inteligente por isso, então nunca deixara de ir até o poço para pegar água e colocar no jarro para refrescar.
'Não tenho como servir você.' - ela responde. 'Não tem um copo, eu posso jogar nas suas mãos, se quiser' - ela oferece ainda pensando que ele tampouco deveria colocar a mão no poço.
Ela se abraça no jarro e se prepara para ir embora, mas não esquece o pedido, e a boa samaritana de muitos maridos dá a volta no poço para aproximar-se de Jesus Cristo; ela não pode deixar de ouvir um pedido humilde para saciar a sede de um homem, afinal o poço está ali para todos, e de novo, o seu pensamento trêmula como a água do poço. 'Será que foi aqui?' - ela continua a pensar nisso baixinho. Desde jovem tinha essa curiosidade, afinal ela vivia em Samaria, e era ali que havia vivido a família de Jacó e naquele poço, naquele poço, ... era ali, era ali que todos da família de Jacó vinham... pegar água.
Acontece que Jesus Cristo logo achou um aparato para usar como copo e a boa samaritana tinha vertido então 4 a 5 vezes o seu jarro para encher o aparato para Jesus Cristo tomar água fresca. 'O que ele falara agora com ela?' - pensou 'Não, estava ouvindo coisas'. Também, depois de 4, 5 maridos, a boa samaritana estava ainda a ouvir o que já ouvira várias e tantas vezes. Ela dava voltas em torno do poço e assim girava a sua cabeça também, como se fosse o evangelho e ora Lucas falasse ao pé do seu ouvido, ora Marcos gritava distante como se fosse uma onda caindo estatelada, ora era João que assobiava pelo caminho, ora Mateus lhe atravessava a memória como se a levasse para outro lugar, outro dia.
A mulher samaritana se levanta e se debruça sobre o poço, quer ver o que tem no poço que está contando para aquele homem tudo sobre os seus ex-maridos, e suas dúvidas e seus medos. Parece que Jesus Cristo está a ler alguma coisa naquela água do poço para o qual lança um olhar profundo frequentemente. Ele sabe de tudo, nomes, acontecimentos, como lhes conheceu, de qual família era cada um. Passa pela cabeça da boa samaritana que algum deles está dentro do poço a falar sobre ela, ela põe a mão na água como quem dizia 'Eu pego esse um'. Esse espírito linguarudo. Quem poderia saber dos 4, 5 maridos dela?
'O quê? Foi porque eu enchi o seu copo 4, 5 vezes com água pura?' - perguntou a boa samaritana.
'Não', ele respondeu.
'Eu soube que a senhora estava chateada, e só. Então vim visitá-la.'
Ela tomava a água aos poucos, em golinhos, como se a água, e a verdade fosse melhor apreciada aos poucos, assim como a comunhão marital.
Os maridos dela não eram como a água do rio que se vai, eram como um poço aonde a água estava limitada no círculo, e água subia ou descia, ou senão estava parada. Era uma água pura que vinha do fundo da terra.
Ela pensa em sentar-se ao lado de Jesus, e Jesus a impede. Acabariam ficando juntos por mais dias, ela enrolaria ele com a língua enrolada que já enrolara aos outros, talvez com histórias que não acabassem mais, que fizessem os dias passar sem ele esperar por outra coisa que não fosse a hora da história dela sentados os dois no chão sobre almofadas cercados por panos.
Ela deu toda a volta no poço tentando ver quem falava sobre as coisas dela com Ele. Ela pergunta a Jesus: 'Estás a falar com o meu marido?' Ele ri. 'Estou conversando com a senhora.' E toda a sombra que ela consegue ver no poço, é a sua própria ou a de Jesus Cristo balançando sobre a água.
'Será que o último marido tinha algo a reclamar dela?' - se pergunta, sem realmente acreditar que o seu último marido faria isso. Estava em paz com os seus casamentos. Só não gostava mesmo de comentar sobre isso, afinal a boa samaritana que buscava água, ainda tinha muito o que trabalhar, pois nenhum de seus maridos havia sido rico ou famoso, e ela continuava trabalhando.
A manhã se passara e os ventos quentes da tarde chegava.
Parecia que o poço se vertera sobre eles!
Era revigorador conversar com uma mulher que não deixara o destino mandá-la se calar, nem esconder o seu amor. De certa forma, Jesus também procurava caminhar pelo caminho do amor, ainda que o caminho do amor para Jesus Cristo também desse voltas e viradas inesperadas, e pudesse parecer que Jesus Cristo sempre estivesse atrás do que realmente o caminho tinha para ele.
Para a boa samaritana, cada novo marido, era esquecer da esperança anterior. Cada casamento trazia novas esperanças que entravam como um vento forte e fresco, esperando que a samaritana se convencesse de que era realmente bom entregar-se ao amor, e plantar a semente.
Mas logo a árvore crescia, e os seus maridos deixavam de ser homens exigentes para serem frutos de árvores e viverem nas sombras da copa das árvores, apenas como frutos à sombra, se reproduzindo sem limites para saciar a fome de todos ali.
A boa samaritana também procurava alimentar os precisados que passavam por ali, em sua pousada, e os frutos que tinham na pousada, eram das árvores que os seus maridos se tornaram.
Mas vai ver que a verdadeira e única cara metade da boa samaritana teria sido aquele paralítico que passou 38 anos deitado na cama e que ficava esperando o messias ao lado do poço para ser curado, talvez ele esperasse ali encontrar próximo do poço uma mulher verdadeira como a boa samaritana
Tanto tempo a boa samaritana de muitos maridos passara pensando se era aquele o poço que José ficara esquecido, que um dia encontrara fora do poço o filho de José e de tudo ele sabia, como se toda vez que ela buscara água fresca para beber no poço, também tivesse deixado um pouco de seus pensamentos ali. Como se tivesse bastado para Jesus Cristo apreciar a água fresca do poço tanto quanto a boa samaritana, para saber de seus segredos todos
Jesus compreende os tantos maridos da samaritana, afinal, naquela época ainda não havia nenhum conceito evidente de vida eterna, isso é, não se acreditava que nenhum dos espíritos dos maridos continuariam vivos, já que eram homens comuns, desconhecidos. Essa noção da vida eterna do espírito é a que o cristianismo desenvolveu posteriormente, e depois, o espiritismo reforça essa compreensão desenvolvendo a doutrina com a realização de sessão espírita para contatar a vida além dessa.
Assim como os caminhos na terra, esses caminhos no céu não foram abertos para todos, os caminhos do céu são para aqueles que os encontrarem, caminhos onde ainda podemos ter fé de encontrar um poço ou uma nascente.
Mais fontes sobre esse assunto apaixonante:
http://ujucasp.org.br/site/2020/03/12/jesus-e-a-samaritana-a-beira-do-poco-de-jaco-joao-45-42/
https://diocesecg.org/noticia/27411/jesus-imagem-de-um-deus-sedento
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